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TERCEIRA AULA DE REDAÇÃO: O TEXTO NARRATIVO

AULA 3
REDAÇÃO
Professora Sandra Franco
I. Narração
A narração tem como matéria básica o fato, um
acontecimento, real ou fictício, que será contado em 1ª ou 3ª
pessoa.
1. Elementos da narrativa.
A partir da leitura do poema de Manuel Bandeira, vamos explorar
alguns dos elementos da narrativa.
Poema Tirado de uma Notícia de Jornal
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro
[da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu
[afogado.
Vamos fazer a análise do texto:
1) Qual é a trama dessa narrativa?
Conta-se o suicídio de um homem na Lagoa Rodrigo de
Freitas.
2) Sobre quem é a história?
O homem é chamado de “João Gostoso”.
3) Onde se desenvolvem esses fatos?
Há mais de um espaço: Morro da Babilônia, num barracão
sem número,no Bar de Vinte de Novembro.
2
4) Quando os fatos ocorreram?
Há uma referência genérica “um dia” e os verbos estão no
passado.
5) Quem está contado essa história?
Um narrador não identificado que observou os fatos.
Muito bem, respondendo a essas perguntas, estaremos
entendo quais são os principais elementos que compõem a
narrativa.
1.Enredo: a trama da narrativa, a forma como se constrói o
texto.
2.Personagens: aqueles que se envolvem na história: há os
principais e os secundários.
3.Tempo:momento em que ocorrem as ações. Pode ser
cronológico ou psicológico.
4.Espaço:onde ocorrem as ações.
5.Narrador: aquele que conta a história, não o confunda com o
autor.
Vamos estudar alguns desses elementos; comecemos pelo
narrador. Imagine um único fato, por exemplo, um acidente de
trânsito contado por diferentes pessoas: alguém que estava na
janela de um prédio; o motorista de um dos carros; o motorista do
outro carro; um passageiro que estava no banco de trás de um dos
veículos; uma criança que tenha presenciado a colisão. Cada uma
dessas pessoas contaria o mesmo fato com uma combinação
diferente de palavras, uma seqüência diferente, talvez até com
versões distintas. Isso não é novidade para você...Ocorre que há
nomes específicos para essas diferentes formas de contar os fatos.
Veja:
1) narrador em 1a.pessoa: aquele que participa da ação,
que se inclui na narrativa. É o narrador-personagem.
2) narrador em 3a.pessoa: aquele que não participa da
ação. É o narrador-observador ou o narrador-onisciente.
3
Outro elemento que não se considera como básico em uma
narrativa, mas que, sem dúvida, influencia no desenvolvimento do
enredo é o discurso. O narrador irá escolher se as personagens
falarão por si, ou se ele nos contará o que elas falaram e até o
narrador poderá traduzir o pensamento da personagem. Leia alguns
trechos comigo e tente perceber esses diferentes discursos: direto,
indireto e indireto livre; e os tipos de narrador presentes.
Texto A
...De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira.
Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes.
Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e
que, sem o conhecer, lhe disse rindo:
- Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.
- É verdade, concordou Honório envergonhado
-
Nesse exemplo, há a presença do foco narrativo em 3a pessoa,
com um narrador observador e discurso direto. O narrador é
observador, porque não participa da história, conta-nos os fatos
apenas, de seu ponto de vista.
O discurso direto é o registro da própria fala da personagem, o
narrador apresenta o discurso usado de forma direta. Veja a
presença do travessão, do verbo usado no tempo presente.
Observe, também a presença do verbo dicendi, ou chamado de
elocução, que é o “disse”, neste texto.
Nota: Os verbos dicendi ou de elocução são usados para anunciar o
discurso direto, antes de sua exposição ou após a sua exposição
pelo narrador.
Também no discurso indireto este tipo de verbo poderá
estar presente para o narrador introduzir a reprodução que lê
(narrador) fará da fala da personagem.
Texto B
Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas
papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa
principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia
utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de
quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de
4
censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida?
Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia (...)
No fragmento acima, observa-se o foco narrativo é em 3a.
pessoa, com narrador onisciente: ele revela ao leitor o que pensa
a personagem. Há o discurso indireto livre.
Os fragmentos apresentados em “A” e “B” pertencem ao conto
A Carteira, de Machado de Assis. Como eu isolei os fragmentos,
consideramos o narrador em cada uma das partes; porém, se nos
fosse pedido o narrador do texto inteiro, teríamos de observar como
ele se coloca predominantemente: o onisciente prevalece sobre o
observador.
Texto C
Começou por não dizer nada; pôs em mim dous olhos de gato
que observa; depois, uma espécie de riso maligno aluminou-lhe as
feições. que eram duras. Afinal, disse-me que nenhum dos
enfermeiros que tivera, prestava para nada, dormiam muito, eram
respondões e andavam ao faro das escravas; dous eram até
gatunos!
Esse é um exemplo de narrador personagem: o foco
narrativo é em 1a pessoa e há presença de discurso indireto. O
fragmento foi retirado também de um conto machadiano chamado
O Enfermeiro.
Prática
Normalmente, pede-se a escrita de um texto baseado em
outro, portanto é necessário ser fiel aos elementos do texto
motivador: os acontecimentos e suas conseqüências; as
personagens e suas características; o espaço; o tempo; as causas;
o modo como as ações se desenvolveram, quando se tratar de um
texto narrativo.
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Na dissertação, a leitura de todos os textos de uma coletânea
é essencial para que se possa perceber todos os enfoques possíveis
e quais são aqueles que lhe interessam na defesa de sua tese.
Hoje, escolhi três propostas, que já estiveram presentes em três importantes
vestibulares para que iniciemos a prática. Lembre-se de que você, durante todo o
curso, terá direito à correção de quatro textos; portanto, escolha aquelas propostas que
mais se identificarem com o vestibular que você pretende fazer. É importante, em
todas as disciplinas, para que você obtenha um bom resultado, verificar como foram
as provas passadas (ao menos as três últimas).
Você deve indicar qual a proposta escolhida para que eu possa fazer a
correção. Ainda não desenvolvemos, em aula, aspectos formais e teóricos de um
texto; mas, considere esse primeiro texto como uma espécie de redação diagnóstica:
será possível identificar como você escreve e se seu texto apresenta os elementos
adequados à redação de vestibular. Procure limitar o texto a 35 linhas, em letra
manuscrita; já que o envio será de um texto digitado, faça antes o rascunho para
verificar quantas linhas utilizou, combinado?
A primeira proposta é da prova da Unicamp de 1999. A Unicamp é uma das
poucas Universidades que oferece mais de uma possibilidade não apenas temática,
mas sobretudo formal para os alunos redigirem seu texto; fato que torna esse
vestibular mais democrático; creio. Você deverá indicar o número da proposta (no
caso da primeira, também, deverá dizer se escolheu o tema A,B ou C).A segunda
proposta é do vestibular da Fundação Getúlio Vargas, trata-se de um texto
dissertativo; bem como a terceira proposta que foi da UNESP.
Bom texto! Após a correção (devidamente anotada), você poderá tirar suas
dúvidas, através do tira-dúvidas ou dos chats.
Grande abraço!
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PROPOSTA 1 – TEMAS DA UNICAMP (escolha um dos três temas)
ORIENTAÇÃO GERAL
Há três temas sugeridos para redação. Você deve escolher um
deles e desenvolvê-lo conforme o tipo de texto indicado, segundo as
instruções que se encontram na orientação dada para cada tema.
Coletânea de textos:
Os textos foram tirados de fontes diversas e apresentam
fatos, dados, opiniões e argumentos relacionados com o tema. Eles
não representam a opinião da banca examinadora: são textos como
aqueles a que você está exposto na sua vida diária de leitor de
6
jornais, revistas ou livros, e que você deve saber ler e comentar.
Consulte a coletânea e utilize-a segundo as instruções específicas
dadas para o tema. Não a copie. Ao elaborar sua redação, você
poderá utilizar-se também de outras informações que julgar
relevantes para o desenvolvimento do tema escolhido. ATENÇÃO:
se você não seguir as instruções relativas ao tema que escolheu,
sua redação será ANULADA.
TEMA A
O Brasil está em vias de completar cinco séculos de existência
aos olhos do mundo europeu. São os já conhecidos 500 anos de seu
descobrimento, que serão comemorados oficialmente em abril de
2000. Como em qualquer data importante, o momento é oportuno
para um balanço e uma reflexão. O balanço poderia resultar muito
parcial, se se prendesse exclusivamente a fatos econômicos e a
dados sociais circunstanciais. Por isso, faz-se necessário, neste
caso, considerar a questão de quem somos hoje. Tendo isso em
mente, e contando com o apoio obrigatório dos fragmentos abaixo,
escreva uma dissertação sobre o tema
500 anos de Brasil
1. Esqueça tudo o que você aprendeu na escola sobre o
descobrimento do Brasil. (...) A dois anos das comemorações
oficiais pelos 500 anos de descobrimento do Brasil, os últimos
trabalhos de pesquisadores portugueses, espanhóis e franceses
revelam uma história muito mais fascinante e épica sobre a
chegada dos colonizadores portugueses ao Novo Mundo. O primeiro
português a chegar ao Brasil foi o navegador Duarte Pacheco
Pereira, um gênio da astronomia, navegação e geografia e homem
da mais absoluta confiança do rei de Portugal, d. Manuel I. Duarte
Pacheco descobriu o Brasil um ano e meio antes de Cabral, entre
novembro e dezembro de 1498. (...) As novas pesquisas sobre a
verdadeira história do descobrimento sepultam definitivamente a
inocente versão ensinada nas escolas de que Cabral chegou ao
Brasil por acaso, depois de ter-se desviado da sua rota em direção
às Índias. (ISTOÉ, 26 de novembro de 1997.)
2. ... a despeito de nossa riqueza aparente, somos uma nação
pobre em sua generalidade, onde a distribuição do dinheiro é
viciosa, onde a posse das terras é anacrônica. Aquele anda nas
mãos dos negociantes estrangeiros; estas sob o tacão de alguns
senhores feudais. A grande massa da população, espoliada por dois
lados, arredada do comércio e da lavoura, neste país
7
essencialmente agrícola, como se costuma dizer, moureja por ali
abatida e faminta, não tendo outra indústria em que trabalhe; pois
que até os palitos e os paus de vassoura mandam-lhe vir do
estrangeiro. (...) povo educado, como um rebanho mole e
automático, sob a vergasta do poder absoluto, vibrada pelos
governadores, vice-reis, capitães-mores e pelos padres da
companhia; povo flagelado por todas as extorsões - nunca fomos,
nem somos ainda uma nação culta, livre e original. (Romero, Sílvio.
História da Literatura Brasileira. 1881.)
3. O Brasil surge e se edifica a si mesmo, mas não em razão
do desígnio de seus colonizadores. Eles só nos queriam como
feitoria lucrativa. Contrariando as suas expectativas, nos erguemos,
imprudentes, inesperadamente, como um novo povo, distinto de
quantos haja, deles inclusive, na busca de nosso ser e de nosso
destino. (...) Somos um povo novo, vale dizer um gênero singular
de gente marcada por nossas matrizes, mas diferente de todas, sem
caminho de retorno a qualquer delas. Esta singularidade nos
condena a nos inventarmos a nós mesmos, uma vez que já não
somos indígenas, nem transplantes ultramarinos de Portugal ou da
África. (Ribeiro, Darcy. O Brasil como problema.1995.)
4. Não conhecemos proletariado, nem fortunas colossais que
jamais se hão de acumular entre nós, graças aos nossos hábitos e
sistema de sucessão. Nem argentarismo, pior que a tirania, nem
pauperismo, pior que a escravidão. (...) O Brasil jamais provocou,
jamais agrediu, jamais lesou, jamais humilhou outras nações. (...) A
estatística dos crimes depõe muito em favor dos nossos costumes.
Viaja-se pelo sertão sem armas, com plena segurança, topando
sempre gente simples, honesta, serviçal. Os homens de Estado
costumam deixar o poder mais pobres do que nele entraram.
Magistrados subalternos, insuficientemente remunerados,
sustentam terríveis lutas obscuras, em prol da justiça, contra
potentados locais. (...) Quase todos os homens políticos brasileiros
legam a miséria a suas famílias. (Affonso Celso. Porque me ufano
de meu país. 1900.)
5. (…) Se tu vencesses Calabar! / Se em vez de portugueses,
/ holandeses!? / Ai de nós! / Ai de nós sem as coisas deliciosas que
em nós moram: / redes, / rezas, / novenas, / procissões, / e essa
tristeza, Calabar, / e essa alegria danada, que se sente / subindo,
balançando, a alma da gente. / Calabar, tu não sentiste / essa
alegria gostosa de ser triste! (Lima, Jorge de. Poesia Completa, vol.
1.)
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6. O pau-brasil foi o primeiro monopólio estatal do Brasil: só a
metrópole podia explorá-lo (ou terceirizar o empreendimento).
Seria, também, o mais duradouro dos cartéis: a exploração só foi
aberta à iniciativa privada em 1872, quando as reservas já haviam
escasseado brutalmente. Exploração não é o termo: o que houve foi
uma devastação, com a derrubada de 70 milhões de árvores. Como
que confirmando a vocação simbólica, o pau-brasil seria usado, em
setembro de 1826, para o pagamento dos juros do primeiro
empréstimo externo tomado pelo Brasil. Ao deparar com o Tesouro
Nacional desprovido de ouro, d. Pedro I enviou à Inglaterra 50
quintais (3t) de toras de pau-brasil para leiloá-las em Londres. A
esperança do Imperador de saldar a dívida com o "pau-de-tinta"
esbarrou numa inovação tecnológica: o advento da indústria de
anilinas reduzira em muito o valor da árvore-símbolo do Brasil. Os
juros foram pagos com atraso. Em dinheiro, não em paus. (Bueno,
E. (org). História do Brasil. Empresa Folha da Manhã. 2ª ed. 1997)
7. Jamais se saberá com certeza, mas quando os portugueses
chegaram à Bahia, os índios brasileiros somavam mais de 2 milhões
- quase três, segundo alguns autores. Agora, dizimados por gripe,
sarampo e varíola, escravizados aos milhares e exterminados pelas
guerras tribais e pelo avanço da civilização, não passam de 325.652
- menos do que dois Maracanãs lotados. (...) A idade média dos
índios brasileiros é de 17,5 anos, porque mais da metade da
população tem menos de 15 anos. A expectativa de vida é de 45,6
anos, e a mortalidade infantil é de 150 para cada mil nascidos.
Existem pelo menos 50 grupos que jamais mantiveram contato com
o homem branco, 41 dos quais nem sequer se sabe onde vivem,
embora seu destino já pareça traçado: a extinção os persegue e
ameaça. (Bueno, E. (org). História do Brasil. Empresa Folha da
Manhã. 2ª ed. 1997).
8. Há um Código de Defesa do Consumidor, há leis que
cuidam do racismo, do direito de greve, dos crimes hediondos, do
juizado de pequenas causas, do sigilo da conversação telefônica, da
tortura, etc. O país cresceu. (Carvalho Filho, L. F. Folha de S. Paulo.
3 de outubro de 1998).
TEMA B
Imagine-se nesta situação: um dia, ao invés de encontrar-se
no ano de 1998, você (mantendo os conhecimentos de que
dispomos em nossa época) está em abril de 1500, participando de
alguma forma do seguinte episódio relatado por Pero Vaz de
Caminha:
9
"Viu um deles [índios] umas contas de rosário, brancas;
acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao
pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a
terra e então para as contas e para o colar do capitão, como que
dariam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós assim por o
desejarmos; mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o
colar, isto não queríamos nós entender, porque não lho havíamos
de dar." (Caminha, Pero Vaz de. Carta a El Rey Dom Manuel.)
Redija uma narrativa em 1a pessoa. Nessa narrativa, você
deverá: a) participar necessariamente da ação; b) fazer aparecer as
diferenças culturais entre as três partes: você, que veio do final do
século XX, os índios e os portugueses da época do descobrimento.
TEMA C
Faça de conta que você tem um amigo em Portugal que confia
muito em você e que estava pensando em passar uma temporada
no Brasil e talvez até em migrar. Suponha também que,
recentemente, ele lhe tenha escrito uma carta dizendo que está
pensando em abandonar tal projeto, em conseqüência das notícias
sobre o Brasil que tem lido ultimamente. Para justificar-se, ele
incluiu na carta a seguinte amostra de manchetes, que o
impressionaram, publicadas com destaque em menos de um mês,
em um único jornal:
FALTAM ÁGUA, LUZ E TELEFONE NAS ESCOLAS, DIZ
PESQUISA DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (Folha de S. Paulo,
16 de setembro de 1998)
METADE DOS ELEITORES NÃO TÊM 1o. GRAU (Folha de S.
Paulo, 20 de outubro de 1998)
BRASIL É CAMPEÃO DE CASOS DE DENGUE, LEPRA E
LEPTOSPIROSE NAS AMÉRICAS (Folha de S. Paulo, 21 de
setembro de 1998)
MISERÁVEIS SÃO 25 MILHÕES (Folha de S. Paulo, 26 de
setembro de 1998)
83% SÃO ANALFABETOS FUNCIONAIS (Folha de S. Paulo,
26 de setembro de 1998)
PARTOS DE MENINAS AUMENTARAM 81% NO RIO (Folha
de S. Paulo, 29 de setembro de 1998)
10
SP DESPEJA NA RUA UM TERÇO DE SEU LIXO (Folha de S.
Paulo, 4 de outubro de 1998)
Escreva-lhe uma carta na qual, colocando em discussão as
manchetes acima, você tenta convencê-lo de que, apesar de haver
de fato problemas, a imagem que se faz de nosso país, a partir do
noticiário, é parcial, e que, portanto, continua valendo a pena vir
para o Brasil.
Atenção: ao assinar a carta, use iniciais apenas, de forma a
não se identificar.
________________________________________________
PROPOSTA 2 - FGV/ 2000
INSTRUÇÕES
Esta prova é constituída de apenas um texto. Com base nele:
• Dê um título sugestivo à sua redação.
• Redija um texto a partir das idéias apresentadas. Defenda os seus
pontos de vista utilizando- se de argumentação lógica.
Na avaliação da sua redação, serão ponderados:
• A correta expressão em língua portuguesa.
• A clareza, a concisão e a coerência na exposição do pensamento.
• Sua capacidade de argumentar logicamente em defesa de seus
pontos de vista.
• Seu nível de atualização e informação.
• A originalidade na abordagem do tema.
A Banca aceitará qualquer posicionamento ideológico do
examinando.
11
Evite ‘‘fazer rascunho’’ e ‘‘passar a limpo’’ para não perder tempo. A
redação pode ser escrita a lápis. Atenção para escrever com
caligrafia bem legível.
TEMA
‘‘Eu não queria estar na sua pele.’’ Com essa frase, dirigida ao
vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, o
presidente da TV Cultura, Jorge da Cunha Lima assinalou a imensa
responsabilidade social que as emissoras de televisão têm, dada sua
influência sobre o modo de pensar do brasileiro. Lima considerou a
TV ‘‘o grande formador da alma brasileira’’, afirmando que a TV
Cultura e a Rede Globo representam os dois paradigmas da
comunicação audiovisual do país: ‘‘Eu não tenho medo de dizer que
o futuro da TV brasileira vai ser o que nós dois vamos ser.’’ A seu
ver a TV Cultura, por ser uma emissora pública (e portanto não ter
compromisso com lucros), deve ser ‘‘palco de experiências para
melhorar a programação’’, as quais podem ser aproveitadas mais
tarde na TV comercial. Cunha Lima, que foi aplaudido de pé pelos
participantes, completou sua apresentação reafirmando o papel
formador da TV no Brasil: ‘‘Somos a única forma de entretenimento
para milhões de pessoas, porque somos gratuitos.’’ Mas ressaltou
que a TV não pode substituir a escola: ‘‘A TV deve ser um
instrumento de formação complementar do homem, informando-o e
despertando seu gosto.’’ (Natasha Madov, uol/aprendiz)
______________________________________________________
PROPOSTA 3 - VUNESP/2000
INSTRUÇÃO: Leia a seguinte paródia de Millôr Fernandes.
12
in: Bundas, ano 1, nº 4, 6 a 12 de julho de 1999, p. 5.
PROPOSIÇÃO (adaptada)
Na atualidade, tomamos conhecimento de várias formas de
corrupção por meio da imprensa, bem como a vemos abordada em
peças teatrais, telenovelas e ilustrada em quadrinhos, charges e
programas cômicos. A maioria dos brasileiros condena a corrupção,
considerando-a culpada dos principais males que atingem o país,
mas há também quem afirme que é uma "doença sem remédio" ou
que faz parte da natureza de nossa sociedade. Nesse contexto, o
cartum de Millôr Fernandes, parodiando um gênero de publicidade
oficial, convoca sarcasticamente os jovens a participar da corrupção
em todos os setores da vida nacional.
Posicionando-se como alguém que pensa em seu futuro e
sabe que pode encontrar no caminho a corrupção, manifeste sua
opinião sobre o assunto, escrevendo uma redação, de gênero
dissertativo, sobre o tema:
O JOVEM ANTE A CORRUPÇÃO: UM INIMIGO A COMBATER OU
UM DADO A ACEITAR?